Senado dos EUA aprova projeto de lei para encerrar tarifas de Trump contra o Brasil
28/10/2025
(Foto: Reprodução) Perguntas e respostas sobre o encontro entre Lula e Trump
O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite desta terça-feira (28) um projeto de lei que prevê a anulação das tarifas impostas ao Brasil pelo presidente Donald Trump, incluindo produtos como petróleo, café e suco de laranja.
Apesar do aval do Senado, a proposta — apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia — tem poucas chances de avançar. O texto segue agora para a Câmara dos Representantes, de maioria republicana.
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Segundo Kaine, as votações tiveram caráter simbólico e buscam demonstrar insatisfação com a política tarifária do governo federal, além de estimular um debate sobre “a destruição econômica causada por elas”.
Na prática, o projeto propõe a revogação do estado de emergência nacional declarado por Donald Trump, mecanismo utilizado para a aplicação de tarifas de até 50% sobre diversos produtos brasileiros desde agosto.
Segundo a agência de notícias Associated Press, o senador democrata Tim Kaine pretende apresentar novas resoluções para suspender tarifas impostas a outros países, como o Canadá, ainda nesta semana.
Lula e Trump se encontram na Malásia.
Ricardo Stuckert/PR
Brasil-EUA: o que esperar das negociações?
A aprovação do projeto ocorre em um momento de progresso nas negociações entre Brasil e Estados Unidos.
No domingo (26), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se reuniram por aproximadamente 45 minutos, o que elevou a expectativa de exportadores quanto a uma possível redução das tarifas.
“O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”, afirmou Lula.
Trump, por sua vez, disse que, apesar de o encontro ter sido “muito bom”, isso não garante um acordo imediato. “Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver, agora mesmo estão pagando cerca de 50% de tarifa.”
No encontro, os líderes decidiram iniciar um processo de negociação bilateral. Já na segunda-feira (27), representantes comerciais dos dois países realizaram a primeira reunião.
Participaram das conversas o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro. O grupo definiu um calendário de reuniões focado nos setores mais afetados pelas tarifas.
Segundo o ministro do Desenvolvimento e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, ainda não há data marcada para uma nova reunião.
Na segunda-feira, Lula afirmou que “não existem temas proibidos” para negociação, demonstrando abertura para discutir desde minerais estratégicos até açúcar e etanol. O presidente também propôs a suspensão temporária das tarifas durante o período de negociações, como ocorreu nos acordos com México e Canadá.
O governo brasileiro também contestou a justificativa apresentada pelos EUA para a imposição das tarifas. Lula entregou a Trump um documento que aponta um superávit de US$ 410 bilhões acumulado pelos EUA na balança comercial com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos.
“No G20, só três países têm superávit com os EUA: Brasil, Reino Unido e Austrália”, destacou o presidente.
O encontro foi descrito como cordial. Trump disse ter sido “uma grande honra” conversar com Lula, e os dois chegaram a cogitar visitas recíprocas, ainda sem data definida.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Amcham e outros setores empresariais consideraram o diálogo “um avanço concreto” e esperam que um acordo seja fechado nas próximas semanas.
“Esperamos concluir em pouco tempo uma negociação bilateral que trate dos setores afetados”, afirmou Vieira.