Prefeito opositor de Maduro é preso na Venezuela, e partido diz que não há 'justificativa alguma'
02/10/2024
Ministério Público, ligado ao presidente, informou que vai abrir processo contra Rafael Ramírez por suspeitas de corrupção. Mulher cospe em foto de Maduro em protesto em Maracaibo, na Venezuela
REUTERS/Isaac Urrutia
O prefeito de Maracaibo, a segunda maior cidade de Venezuela, foi preso pelo serviço de inteligência do país na terça-feira (1º), de acordo com a Agência France-Presse (AFP). Rafael Ramírez, de 49 anos, é opositor do presidente Nicolás Maduro.
O partido do prefeito, Primeiro Justiça, declarou que "não há justificativa alguma" para a prisão. "Rejeitamos a prisão do prefeito de Maracaibo quando desempenhava trabalhos inerentes ao cargo", afirmou. Ramírez foi eleito em 2021.
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Nesta quarta-feira (2), o Ministério Público (MP) da Venezuela, ligado ao presidente, informou que vai processar o prefeito por suspeitas de corrupção.
Segundo o MP, um promotor especializado no tema foi nomeado para apurar "várias denúncias contra funcionários da Prefeitura de Maracaibo por crimes previstos na lei contra a corrupção"
"O Ministério Público colheu elementos suficientes e provas que incriminam os referidos investigados", que serão apresentados nas próximas horas em tribunais "para serem acusados", informou o órgão.
A agência informou que Ramírez foi levado à sede local do serviço de inteligência, segundo o partido. O prefeito foi detido com seu chefe de segurança e outra funcionária do seu gabinete, informou uma fonte à AFP.
A Prefeitura de Maracaibo afirmou que o prefeito "e outros funcionários foram detidos sem justificativa alguma ou qualquer explicação. Pedimos a libertação imediata de Rafael Ramírez Colina e respeito às instituições e aos espaços dos poderes públicos."
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Opositores
Maracaibo é a capital do estado petroleiro de Zulia, que tem o maior eleitorado do país e é um reduto tradicional da oposição. O governador é o também opositor Manuel Rosales.
A opositora Plataforma Unitária, que reúne dez partidos, classificou a prisão de Ramírez como "arbitrária e ilegal". "Não há motivo algum para que ele esteja privado de liberdade, motivo pelo qual exigimos a sua libertação imediata."
A prisão do prefeito ocorreu em meio a uma crise política desencadeada pela reeleição do presidente Nicolás Maduro, classificada como uma fraude pela oposição, que reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha após o MP abrir uma investigação contra ele.
Forças opositoras denunciam que 154 de seus líderes foram presos desde o início do ano, incluindo membros da equipe de campanha de González e colaboradores próximos à líder opositora María Corina Machado.
Mais de 2,4 mil pessoas foram detidas no contexto das manifestações que eclodiram após a proclamação da reeleição de Maduro, que deixaram 27 mortos e cerca de 200 feridos, segundo dados oficiais.