Incidente diplomático com a China, reunião de madrugada: primeira-ministra do Japão coleciona polêmicas e gafes em menos de 1 mês no cargo

  • 16/11/2025
Quem é Sanae Takaichi, primeira mulher a ocupar cargo de premiê no Japão No cargo há 27 dias, a primeira-ministra Sanae Takaichi já acumula episódios polêmicos como chefe de governo. Algumas de suas falas e atitudes geraram incômodo nas relações diplomáticas, no Parlamento e até entre seus aliados. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Takaichi, de 64 anos, é a líder do partido governista Liberal Democrata (PLD) desde o início de outubro, e assumiu o cargo mais alto da política japonesa no dia 21 do mesmo mês. Ela substitui o premiê Shigeru Ishiba, que foi forçado a renunciar após duas derrotas eleitorais que enfraqueceram o PLD. Apesar de se tornar a primeira mulher a liderar o governo japonês, Takaichi não coloca a agenda de igualdade de gênero ou diversidade entre suas prioridades. Fã de Margaret Thatcher, ela é um expoente da “linha-dura” da direita japonesa e promete uma guinada conservadora, com destaque para temas como imigração e defesa. Takaichi já disse que pretende se tornar a "dama de ferro japonesa", em referência a Thatcher. Primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi. REUTERS/Kim Kyung-Hoon/File Photo Seus primeiros dias no comando, no entanto, têm sido turbulentos. O episódio mais recente é uma crise diplomática com a China por conta de uma sobre Taiwan – assunto delicado para Pequim, que considera a ilha, com governo próprio, como uma península rebelde. O governo chinês chegou até a Confira abaixo as principais polêmicas envolvendo Takaichi no início de seu governo: Crise diplomática com a China Takaichi provocou uma crise diplomática com a China ao afirmar no Parlamento japonês, na semana passada, que um ataque chinês contra Taiwan poderia representar uma “situação que ameaça a sobrevivência” e desencadear uma possível resposta militar de Tóquio. Caso uma crise entre China e Taiwan envolvesse “navios de guerra e o uso da força, isso poderia constituir uma situação que ameaça a sobrevivência [do Japão], seja qual for o ponto de vista”, disse ela a uma comissão parlamentar. “A chamada contingência de Taiwan tornou-se tão séria que temos que antecipar o pior cenário possível.” O comentário provocou a ira de Pequim. Isso porque a questão com Taiwan tem raízes que remontam à Revolução de 1949, quando Mao Tsé-tung chegou ao poder: Foi quando o líder Chiang Kai-shek, deposto pela revolução, estabeleceu um governo próprio na ilha. A China continental considera Taiwan uma província rebelde. Tanto Pequim quanto Taipei se consideram o único governo legítimo de toda a China. O Ministério das Relações Exteriores da China exigiu que Takaichi retirasse o que chamou de “declarações ultrajantes” sobre Taiwan, alertando que, caso contrário, o Japão “deverá arcar com todas as consequências” por seus comentários. “Takaichi sugeriu a possibilidade de uma intervenção armada no Estreito de Taiwan, e após a China apresentar representações solenes e fortes protestos, ela manteve-se obstinada e se recusou a retirar essas declarações e ações errôneas. (...) Se o Japão ousar intervir militarmente na situação do Estreito de Taiwan, isso constituirá um ato de agressão, e a China reagirá de forma contundente (...) Quem brinca com fogo acaba se queimando”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian. Na última sexta-feira (14), a China voltou a criticar Takaichi, alertando o Japão sobre uma derrota militar "esmagadora" caso Tóquio use a força para intervir em Taiwan, chegando até mesmo a desencorajar visitas de cidadãos chineses ao país vizinho. Reunião às 3h da madrugada Não foi apenas fora do território japonês que Takaichi causou incômodo – inclusive, houve reclamações dentro de seu próprio gabinete após ela convocar uma reunião em plena madrugada. A premiê teria chamado seus assessores de madrugada na última sexta-feira (7) antes de uma aparição no Parlamento. O episódio ficou conhecido na imprensa japonesa como "a sessão de estudos das 3h da manhã". Horas depois, durante fala no Parlamento, a própria premiê reconheceu que sua preparação nas primeiras horas do dia “causou transtornos” à equipe, mas afirmou ser necessário se reunir naquele momento para revisar respostas que ela daria para eventuais perguntas de parlamentares. Takaichi é vista como uma trabalhadora assídua e foi acusada de incentivar o excesso de trabalho. O assunto é especialmente delicado no Japão, porque casos de morte por excesso de trabalho, chamados de "karoshi", ganharam grande repercussão no país nos últimos anos. Em um dos casos, uma jornalista morreu subitamente em 2013 após registrar 159 horas extras de trabalho em um único mês. Com o episódio da reunião às 3h da manhã, políticos da oposição e até figuras públicas que no passado já fizeram parte do governo japonês se juntaram às críticas à premiê. Nomeação de envolvidos em caixa-dois Logo em seu segundo dia de governo, Takaichi nomeou sete políticos de seu partido, o LDP, implicados em um esquema de caixa dois revelado pela imprensa entre 2023 e 2024. Harumi Takahashi, Takuo Komori e Ryusho Kato estavam entre os 28 nomes apontados como vice-ministros parlamentares. Além deles, Iwao Horii, Yukinori Nemoto, Hajime Sasaki e Yasuyuki Sakai foram nomeados entre os 26 vice-ministros sêniores. Na política japonesa, os vice-ministros sêniores ocupam os cargos mais altos de cada ministério, equivalentes a ministros no Brasil. Já os vice-ministros parlamentares atuam como secretários e não têm tanta força decisória, mas o cargo pode alavancar carreiras políticas. Todos os sete eram ligados ao grupo político do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês de 2012 a 2020 e assassinado em 2022. O escândalo minou a confiança do eleitorado no LPD, que governa o Japão de forma quase ininterrupta desde os anos 1950 – e fez o partido perder a maioria no Parlamento, governando atualmente por coalizão. Relação com o santuário Yasukini Dias antes de ser empossada, já como líder do LDP e uma das favoritas a se tornar premiê, Takaichi mandou oferendas ao santuário Yasukini e considerou fazer uma visita ao local – ela teria sido demovida por aliados para não causar desconfortos diplomáticos. O santuário é um tema sensível nas relações exteriores japonesas. Ele homenageia combatentes mortos em guerras pelo país desde o século 19. Em 1978, os dirigentes do local incluíram secretamente no livro de almas (os oficialmente homenageados em Yasukuni) nomes relacionados a crimes de guerra cometidos pelo Japão na primeira metade do século 20. Os homenageados incluem envolvidos em massacres de civis, em experimentos médicos em cobaias humanas e na escravização sexual de estrangeiras, especialmente chinesas e coreanas – as chamadas “mulheres de conforto” abusadas por militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Visitas de premiês japoneses a Yasukuni já ocorreram no passado, sempre acompanhadas do repúdio de autoridades chinesas e coreanas e até protestos em países vizinhos. Junichiro Koizumi ficou particularmente famoso por suas frequentes passagens no santuário entre 2001 e 2005. O mero envio de oferendas, na véspera de ser escolhida premiê, já foi suficiente para causar desconforto na chancelaria. Takaichi havia visitado o local diversas vezes na condição deputada.

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/11/16/incidente-diplomatico-com-a-china-reuniao-de-madrugada-primeira-ministra-do-japao-coleciona-polemicas-e-gafes-em-menos-de-1-mes-no-cargo.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Anunciantes